quarta-feira, 27 de julho de 2011

Dica: profissões

PROFISSÃO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Letícia Fagundes


Generalista. Assim é o profissional de Relações Internacionais, que deve analisar o cenário mundial, investigar mercados, avaliar as possibilidades de negócios e aconselhar investimentos no exterior. Ele promove debates empresariais e entre governos, abre caminho para exportações, importações e acordos bilaterais ou multinacionais.

Não é simples definir um RI, sobretudo no Brasil, onde a profissão começou a ganhar espaço de 20 anos para cá. "Talvez o que se possa dizer de mais concreto é que aquele que estuda Relações Internacionais tem interesses e motivações que se associam com a realidade internacional e, em conseqüência, assim como seu universo de conhecimento, suas habilidades também estarão fortemente associadas a formas e padrões de interação entre povos e culturas." Quem afirma é Eiiti Sato, diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB - Universidade de Brasília.

O curso na UnB, aliás, é o mais antigo e, até por conta de tradição, um dos mais conceituados do País. Podemos dizer que RI nasceu oficialmente no Brasil e na América Latina em 1974, com a criação do curso em Brasília. Até hoje, em um cenário em que temos cerca de 60 cursos pelo País, o pioneirismo e o fato de estar localizado na capital federal atraem alunos de todo o Brasil. Para se ter uma idéia, cerca de 65% dos alunos matriculados são oriundos de outros Estados. "Em geral, percebo que os alunos de RI são sensíveis à cultura e às questões sociais. Também faz parte das preocupações da maioria dos alunos o empenho no domínio de idiomas, inclusive o português.", continua o professor.

Outra faculdade de referência quando o assunto é Relações Internacionais é a PUC/SP. O vice-coordenador do curso, Paulo Pereira, também complementa sobre o perfil do RI: "Deve acompanhar os jornais internacionais e nacionais e saber o que está acontecendo nos países vizinhos e europeus, conhecer os principais nomes do meio internacional. Informação é fundamental. E deve ter uma característica humanista."


MERCADO

Definitivamente, esta é uma área que tem muito campo de atuação e ainda muito para crescer. A gama de possibilidades é extensa:

Âmbito público – Prefeituras e governos sempre têm possibilidades. E aqui se encaixam aquelas pessoas que seguem a Diplomacia.

Âmbito privado – Empresas que se internacionalizam sempre abrem departamentos para lidar com: internacionalização de produtos, marketing, prospecção de novos mercados, etc.

Terceiro Setor – ONGs são um prato cheio, tanto em direitos humanos e ambientais. Isso vem se consolidando muito. E dentro desse âmbito, estão também organismos internacionais, como OEA, ONU, OMC, OIT. São fortes possibilidades.

Âmbito Acadêmico – Ser professor, trabalhar em institutos que privilegiam esta área.

"As Relações Internacionais começaram a ganhar um peso muito grande. É inegável que isso foi motivado, em boa parte, não só pelo processo de internacionalização das empresas, mas por algo complexo, que tem a ver com a integração do Mercosul, desenvolvimento do comércio do Brasil com outros países e com o fato de o País estar sendo um ator privilegiado, sobretudo no que se refere à América do Sul.", diz Pereira.

E tanto ele quanto Sato apontam o nicho empresarial como bastante aquecido. Afinal, as corporações, na busca incessante por eficiência e lucros, percebem com muita clareza a importância crescente da realidade internacional. "Quando o curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília foi criado, as possibilidades de atuação internacional das empresas restringiam-se quase que exclusivamente àquelas que tinham nas exportações e importações parcela significativa de seus negócios. Atualmente, os acontecimentos e a evolução das condições econômicas e políticas internacionais impactam sistematicamente a atividade econômica do País, influenciando fortemente o ambiente de negócios. Dessa forma, independentemente da natureza e das dimensões da empresa, é visivelmente crescente o interesse do meio empresarial por profissionais que possam auxiliá-lo no manejo das relações com o ambiente internacional.", analisa Sato.

"As empresas precisam saber sobre tecnologias, produtos, o que está vendendo mais, concorrências, etc. Para saber tudo isso é necessário alguém que tenha conhecimento no âmbito internacional, não apenas no sentido político, como no sentido comercial. E aí entra o profissional de Relações Internacionais.", conclui Pereira.


FORMAÇÃO

O curso, concluído normalmente em quatro anos, é bastante heterogêneo, com disciplinas como Política, História, Geografia, Antropologia e Economia. Foi um pouco dessa diversidade que atraiu Rachel Glueck, 19 anos, atualmente no 2º ano de RI da PUC/SP. "Desde a 8ª série eu pensava em fazer RI. As disciplinas me atraem muito. E também por ser uma carreira bem versátil e ter várias áreas de atuação."

A característica também permite que o curso seja procurado como complemento a outros. É o caso do jornalista Peri de Castro, que cursa o 3º ano de RI. "Eu achei que Jornalismo não fosse dar conta de uma formação mais ampla e humanista. É uma formação teórica importante para aprender a pensar e observar o mundo de outra forma. No meu caso, o curso é um complemento e uma forma de direcionar a carreira."

Rachel, que fala inglês, francês e espanhol, conta que sempre pensou em fazer diplomacia – ainda a parte mais glamourosa de RI -, mas que depois de conhecer melhor as matérias e a prática, mudou muito sua percepção sobre a profissão. Por isso, considera fundamental que o estudante procure estagiar bastante: "É essencial estagiar, para ver na prática o que é ser um internacionalista. Eu estagiei em Comércio Exterior, mas não me atraiu. Agora eu estou na assessoria internacional da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo e estou gostando muito. Decidi que quero fazer alguma coisa voltada para governos."

E Peri conclui, acreditando no diferencial da carreira: "Ainda é uma área pouco conhecida, as empresas ainda não conseguiram encaixar com segurança o papel do RI. Mas está em crescimento e em consolidação. Eu acho que o profissional se diferencia porque ele não é técnico, como, de repente, um cara de Comércio Exterior ou Economia. O RI tem a capacidade de olhar projetos de uma maneira mais ampla, política, econômica e social."


Fonte: PROFISSÃO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS – Guia das Profissões - Jornal Carreira e Sucesso - disponível em http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=9401

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