quarta-feira, 27 de julho de 2011

Plano Collor - 2ª Série do EM - Geografia

Os vinte anos do Plano Collor I: uma triste lembrança

Em 1990 o Brasil elegeu Fernando Collor de Mello como presidente da República. Naquele momento nosso país convivia com a hiperinflação. Só no ano de 1989, um ano antes da posse do presidente, a média mensal de inflação foi de 28,94%. O Plano Collor combinava liberação financeira e fiscal com medidas radicais a fim de estancar a enorme inflação do período. Além do combate ao monstro inflacionário, esse Plano previa reformas na política do comérdio externo do país, através da criação da Política Industrial e de Comércio Exterior e um programa de privatizações conhecido como Programa Nacional de Desestatização.

A teoria do Plano Collor foi desenvolvida pelos economistas Antônio Kandir, Zelia Cardoso de Mello, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Eduardo Teixeira, Luís Otávio da Motta Veiga e João Maia.
O confisco das cadernetas de poupança, das contas correntes e das aplicações overnight marcaram esse Plano e, contribuíram bastante para a queda do presidente. Essa medida representou uma redução na geração de dinheiro de 30% para 9% do PIB. A taxa de inflação também caiu substancialmente de 81% em março para 9% em junho. Naquele momento o governo Collor tinha duas escolhas: arriscar uma recessão econômica devido ao congelamento e a redução dos ativos ou remonetizar a economia através de um descongelamento de preços e salários e correr o risco do retorno da inflação.

O Plano foi anunciado em 16 de março de 1990, um dia após a posse de Collor como presidente do país. As principais medidas desse Plano previam:
A substituição da moeda, o Cruzado Novo pelo Cruzeiro à razão de NCz$1,00 = Cr$ 1,00.
Oitenta por cento de todos os depósitos das contas correntes, cadernetas de poupança e overnight que excedessem NCz$50 mil foram congelados por 18 meses, recebendo nesse período o equivalente à taxa de inflação e mais 6% ao ano.
Criação do IOF.
Congelamento de preços e salários que após algum tempo foram reajustados, basendo-se na inflação esperada.
Criação de imposto sobre as grandes fortunas.
Eliminação de vários tipos de incentivos fiscais.
Indexação imediata de impostos.
Aumento dos preços dos serviços públicos de eletricidade, gás, serviços postais, entre outros.
Liberação do câmbio e diversas outras medidas tomadas para promover a abertura da economia brasileira à concorrência externa.
Intenção do governo em demitir mais de 360 mil funcionários públicos, com o objetivo de reduzir em mais de 300 milhões os gastos administrativos do governo.

Os impactos na economia foram desastrosos para o país: crescimento negativo do PIB em 7,8% no segundo semestre de 1990, queda da atividade econômica e redução extraordinária da liquidez no país. É verdade porém que a inflação recuou para 5% ao mês. Mas será que valeu a pena?

O Plano Collor foi bastante responsável pelo impeachment sofrido pelo presidente em 1992. Envolvido em escândalos de corrupção, Collor renunciou em em 29 de dezembro de 1992 após intensa movimentação popular e profundas críticas da imprensa. Fernando Collor de Mello não deixou saudades, apesar do povo do estado de Alagoas o eleger Senador em 2006.
Ao que parece a memória histórica não é um dos fortes do povo brasileiro!

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Ricardo Barros Sayeg é Professor de História do Colégio Paulista, Mestre em Educação pela USP, formado em História e Pedagogia pela mesma universidade.


A História do Plano Collor
16/09/2003
Escrito por:
Manoel Ruiz
O presidente Fernando Collor de Mello chega ao poder depois de uma disputa no segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva, que surgiu dos movimentos de luta dos trabalhadores do ABC, tinha sido um importante líder sindical e era o grande nome do PT. Sua figura contrastava com a de Collor, que vinha da elite, porem não tinha de nenhum partido forte que o apoiava, mas soube usar com eficiência o marketing, e temas de moralização. Iria combater os altos salários do funcionalismo público, que denominava de marajás, com isso iludiu o povo e também teve apoio da mídia mais poderosa, e conseguiu se eleger.

"Plano Collor" - A inflação em um ano de março de 1989 a março de 1990 chegou a 4.853%, e no governo anterior teve vários planos fracassados de conter a inflação. Depois de sua posse, Collor anuncia um pacote econômico no dia 15 de março de 1990, o Plano Brasil Novo. Esse plano tinha como objetivo por fim a crise, ajustar a economia e elevar o país do terceiro para o Primeiro Mundo. O cruzado novo é substituído pelo "cruzeiro", bloqueia por 18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços foram tabelados e depois liberados gradualmente. Os salários foram pré-fixados e depois negociados entre patrões e empregados. Os impostos e tarifas aumentaram e foram criados outros tributos, são suspensos os incentivos fiscais não garantidos pela Constituição. É Anunciado corte nos gastos públicos, também se reduz a máquina do Estado com a demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação.

As empresas foram surpreendidas com o plano econômico e sem liquidez pressionam o governo. A ministra da economia Zélia Cardoso de Mello, faz a liberação gradativa do dinheiro retido, denominado de "operação torneirinha", para pagamento de taxas, impostos municipais e estaduais, folhas de pagamento e contribuições previdenciárias. O governo libera os investimentos dos grandes empresários, e deixa retido somente o dinheiro dos poupadores individuais.

Recessão - No inicio do Plano Collor a inflação foi reduzida porque o plano era ousado e radical, tirava o dinheiro de circulação, porem com a redução da inflação iniciava-se a maior recessão da história no Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e a produção diminui consideravelmente, tem uma queda de 26% em abril de 1990, em relação a abril de 1989. As empresas são obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. Só em São Paulo nos primeiros seis meses de 1990, 170 mil postos de trabalho deixaram de existir, foi o pior resultado, desde a crise do início da década de 80. O Produto Interno Bruto diminui de US$ 453 bilhões em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990.

Collor parecia alheio a sua política econômica desastrosa, procurava passar uma imagem de super-homem, sempre aparecendo na mídia se exibindo, pilotando uma aeronave, fazendo caminhadas, praticando esportes etc. Mostrava uma personalidade forte, vaidoso, arrojado, combativo e moderno. Quem não lembra da frase "Tenho aquilo roxo".

Privatizações - Em 16 de agosto de 1990 o Programa Nacional de Desestatização que estava previsto no Plano Collor é regulamentado e a Usiminas é a primeira estatal a ser privatizada, através de um leilão em outubro de 1991. Depois mais 25 estatais foram privatizadas até o final de 1993, quando Itamar Franco já estava à frente do governo brasileiro, com grandes transferências patrimoniais do setor público para o setor privado. Sendo que o processo de privatização dos setores petroquímico e siderúrgico já está praticamente concluído. Então se inicia a negociação do setor de telecomunicações e elétrico, há uma tentativa de limitar as privatizações à construção de grandes obras e à abertura do capital das estatais, mantendo o controle acionário pelo Estado.

Plano Collor II - A inflação entra em cena novamente com um índice mensal de 19,39% em dezembro de 1990 e o acumulado do ano chega a 1.198%, o governo se vê obrigado a tomar algumas medidas. É decretado o Plano Collor II em 31 de janeiro de 1991. Tinha como objetivo controlar a ciranda financeira, extingue as operações de overnight e cria o Fundo de Aplicações Financeiras (FAF) onde centraliza todas as operações de curto prazo, acaba com o Bônus do Tesouro Nacional fiscal (BTNf), o qual era usado pelo mercado para indexar preços, passa a utilizar a Taxa Referencial Diária (TRD) com juros prefixados e aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Pratica uma política de juros altos, e faz um grande esforço para desindexar a economia e tenta mais um congelamento de preços e salários. Um deflator é adotado para os contratos com vencimento após 1º de fevereiro. O governo acreditava que aumentando a concorrência no setor industrial conseguiria segurar a inflação, então se cria um cronograma de redução das tarifas de importação, reduzindo a inflação de 1991 para 481%.

A recuperação da economia iniciou-se no final de 1992, após um grande processo de reestruturação interna das industrias. Foi fundamental a abertura do mercado brasileiro para produtos importados, a qual obrigou a industria nacional a investir alto na modernização do processo produtivo, qualidade e lançamento de novos produtos no mercado. As empresas que queriam permanecer no mercado tiveram que rever seus métodos administrativos, bem como da organização, reduzindo os custos de gerenciamento, as atividades foram centralizadas, muitos setores terceirizados. As empresas são obrigadas a investir pesado na automação, reduz a hierarquia interna nas industrias, então cresce a produtividade. Toda essa modernidade era necessária para as empresas se tornarem mais competitiva, tanto no mercado interno quanto no mercado externo. O aumento de produtividade foi fundamental para a sobrevivência das empresas, porem para os trabalhadores, significava perdas de postos de trabalho, quer dizer com menos funcionários se produziam mais, então aumenta o desemprego dos brasileiros, que em 1993 só na Grande São Paulo chega a um milhão e duzentos mil trabalhadores desempregados.

Impeachment de Collor - O Presidente da Republica foi substituído sem derramamento de sangue, golpe militar ou qualquer tipo de violência. Foi um processo pela via legal e demonstrou amadurecimento do povo e dos políticos brasileiros, o que foi excepcional para a América Latina. Collor pregava a moralidade, combate à corrupção, porem em seu governo foram constatados muitos casos de corrupção. Paulo César Faria o PC envolvido no esquema de corrupção dentro do próprio governo Collor, sendo que a CPI apurou que muito dinheiro foi para a conta corrente de Collor. Para se ter uma idéia da gravidade, custou aos cofres brasileiro, só para as despesas pessoais do presidente US$10 milhões e 600 mil. Ministros foram denunciados de corrupção, porem não houve condenações, Paulo César Farias chegou a ser preso, mas em pouco tempo ganhou a liberdade e foi curtir uma mansão na praia, onde foi encontrado morto crivado de balas. A policia não conseguiu provar nada, porem a opinião do povo era uma só, seria uma queima de arquivos.

Dica: profissões

PROFISSÃO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Letícia Fagundes


Generalista. Assim é o profissional de Relações Internacionais, que deve analisar o cenário mundial, investigar mercados, avaliar as possibilidades de negócios e aconselhar investimentos no exterior. Ele promove debates empresariais e entre governos, abre caminho para exportações, importações e acordos bilaterais ou multinacionais.

Não é simples definir um RI, sobretudo no Brasil, onde a profissão começou a ganhar espaço de 20 anos para cá. "Talvez o que se possa dizer de mais concreto é que aquele que estuda Relações Internacionais tem interesses e motivações que se associam com a realidade internacional e, em conseqüência, assim como seu universo de conhecimento, suas habilidades também estarão fortemente associadas a formas e padrões de interação entre povos e culturas." Quem afirma é Eiiti Sato, diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB - Universidade de Brasília.

O curso na UnB, aliás, é o mais antigo e, até por conta de tradição, um dos mais conceituados do País. Podemos dizer que RI nasceu oficialmente no Brasil e na América Latina em 1974, com a criação do curso em Brasília. Até hoje, em um cenário em que temos cerca de 60 cursos pelo País, o pioneirismo e o fato de estar localizado na capital federal atraem alunos de todo o Brasil. Para se ter uma idéia, cerca de 65% dos alunos matriculados são oriundos de outros Estados. "Em geral, percebo que os alunos de RI são sensíveis à cultura e às questões sociais. Também faz parte das preocupações da maioria dos alunos o empenho no domínio de idiomas, inclusive o português.", continua o professor.

Outra faculdade de referência quando o assunto é Relações Internacionais é a PUC/SP. O vice-coordenador do curso, Paulo Pereira, também complementa sobre o perfil do RI: "Deve acompanhar os jornais internacionais e nacionais e saber o que está acontecendo nos países vizinhos e europeus, conhecer os principais nomes do meio internacional. Informação é fundamental. E deve ter uma característica humanista."


MERCADO

Definitivamente, esta é uma área que tem muito campo de atuação e ainda muito para crescer. A gama de possibilidades é extensa:

Âmbito público – Prefeituras e governos sempre têm possibilidades. E aqui se encaixam aquelas pessoas que seguem a Diplomacia.

Âmbito privado – Empresas que se internacionalizam sempre abrem departamentos para lidar com: internacionalização de produtos, marketing, prospecção de novos mercados, etc.

Terceiro Setor – ONGs são um prato cheio, tanto em direitos humanos e ambientais. Isso vem se consolidando muito. E dentro desse âmbito, estão também organismos internacionais, como OEA, ONU, OMC, OIT. São fortes possibilidades.

Âmbito Acadêmico – Ser professor, trabalhar em institutos que privilegiam esta área.

"As Relações Internacionais começaram a ganhar um peso muito grande. É inegável que isso foi motivado, em boa parte, não só pelo processo de internacionalização das empresas, mas por algo complexo, que tem a ver com a integração do Mercosul, desenvolvimento do comércio do Brasil com outros países e com o fato de o País estar sendo um ator privilegiado, sobretudo no que se refere à América do Sul.", diz Pereira.

E tanto ele quanto Sato apontam o nicho empresarial como bastante aquecido. Afinal, as corporações, na busca incessante por eficiência e lucros, percebem com muita clareza a importância crescente da realidade internacional. "Quando o curso de Relações Internacionais da Universidade de Brasília foi criado, as possibilidades de atuação internacional das empresas restringiam-se quase que exclusivamente àquelas que tinham nas exportações e importações parcela significativa de seus negócios. Atualmente, os acontecimentos e a evolução das condições econômicas e políticas internacionais impactam sistematicamente a atividade econômica do País, influenciando fortemente o ambiente de negócios. Dessa forma, independentemente da natureza e das dimensões da empresa, é visivelmente crescente o interesse do meio empresarial por profissionais que possam auxiliá-lo no manejo das relações com o ambiente internacional.", analisa Sato.

"As empresas precisam saber sobre tecnologias, produtos, o que está vendendo mais, concorrências, etc. Para saber tudo isso é necessário alguém que tenha conhecimento no âmbito internacional, não apenas no sentido político, como no sentido comercial. E aí entra o profissional de Relações Internacionais.", conclui Pereira.


FORMAÇÃO

O curso, concluído normalmente em quatro anos, é bastante heterogêneo, com disciplinas como Política, História, Geografia, Antropologia e Economia. Foi um pouco dessa diversidade que atraiu Rachel Glueck, 19 anos, atualmente no 2º ano de RI da PUC/SP. "Desde a 8ª série eu pensava em fazer RI. As disciplinas me atraem muito. E também por ser uma carreira bem versátil e ter várias áreas de atuação."

A característica também permite que o curso seja procurado como complemento a outros. É o caso do jornalista Peri de Castro, que cursa o 3º ano de RI. "Eu achei que Jornalismo não fosse dar conta de uma formação mais ampla e humanista. É uma formação teórica importante para aprender a pensar e observar o mundo de outra forma. No meu caso, o curso é um complemento e uma forma de direcionar a carreira."

Rachel, que fala inglês, francês e espanhol, conta que sempre pensou em fazer diplomacia – ainda a parte mais glamourosa de RI -, mas que depois de conhecer melhor as matérias e a prática, mudou muito sua percepção sobre a profissão. Por isso, considera fundamental que o estudante procure estagiar bastante: "É essencial estagiar, para ver na prática o que é ser um internacionalista. Eu estagiei em Comércio Exterior, mas não me atraiu. Agora eu estou na assessoria internacional da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo e estou gostando muito. Decidi que quero fazer alguma coisa voltada para governos."

E Peri conclui, acreditando no diferencial da carreira: "Ainda é uma área pouco conhecida, as empresas ainda não conseguiram encaixar com segurança o papel do RI. Mas está em crescimento e em consolidação. Eu acho que o profissional se diferencia porque ele não é técnico, como, de repente, um cara de Comércio Exterior ou Economia. O RI tem a capacidade de olhar projetos de uma maneira mais ampla, política, econômica e social."


Fonte: PROFISSÃO: RELAÇÕES INTERNACIONAIS – Guia das Profissões - Jornal Carreira e Sucesso - disponível em http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=9401